Em entrevista ao programa RN Acontece, da Band Natal, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves(PMDB), candidato a governador pela coligação União pela Mudança, defendeu o entendimento político-partidário visando a apresentação de um novo projeto de desenvolvimento para o Rio Grande do Norte. Ao falar sobre a crítica feita pelos adversários de que teria sido montado um grande “acordão”, Henrique disse que alguns dos críticos gostariam de participar do entendimento e só ficaram de fora porque resolveram radicalizar. “Falar em acordão agora é hipocrisia. É isso que o povo não suporta mais. O povo quer a verdade”. Henrique também defendeu o fim do radicalismo e falou sobre diversos temas.
RECURSOS HÍDRICOS
Na área de recursos hídricos, em que o Estado vive uma situação dramática por conta do terceiro ano consecutivo de estiagem ou chuvas irregulares, com a confirmação do fenômeno da “seca verde”, Henrique defende a interligação das bacias, por meio de uma rede de adutoras, dando continuidade ao trabalho iniciado nos anos 90 até o início dos anos 2000 pelo então governador Garibaldi Filho. “É preciso levar água de onde se tem para onde não se tem”. O deputado, cuja atuação foi importante para a retomada do projeto da Barragem de Oiticica, disse ainda que é preciso garantir assistência técnica e crédito ao homem do campo, sobretudo os pequenos agricultores. Lembrou, como exemplo, o trabalho realizado no perímetro irrigado na Chapada do Apodi a partir da utilização da Barragem de Santa Cruz do Apodi.
MALHA FERROVIÁRIA E PORTO
Para Henrique, a malha ferroviária do Rio Grande do Norte é insignificante e praticamente inexistente e representa um dos gargalos da infraestrutura do Estado. Para retomar esse tipo de transporte de baixo custo, se comparado com o rodoviário, é preciso planejamento e montar parcerias público-privadas (PPP).
O parlamentar e candidato a governador também vê na modernização e ampliação da rede ferroviária uma saída para o Porto de Natal, que deixou de atender às necessidades do mercado e perdeu competitividade com a modernização e ampliação dos portos de Suape, em Pernambuco e Pecem, no Ceará. “O Porto de Natal, gerido pela Codern, não atende mais a nossa demanda, foi ultrapassado por Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. Temos em Porto do Mangue uma área com 24 metros de calado e precisamos aproveitar esse potencial para fazer um novo porto graneleiro, em parceria com a iniciativa privada, para dar maior infraestrutura para o Rio Grande do Norte”, disse. Para Henrique, o Estado, com orçamento próprio, não poderá fazer as obras necessárias sem investir em parcerias público-privadas. “O Estado não terá como fazer sozinho e ninguém venha prometer o contrário, porque não conseguirá fazer”, argumentou.
DUPLICAÇÃO DA BR-304: COMPROMISSO MANTIDO
A duplicação da rodovia BR-304, que corta o Estado no sentido Leste-Oeste é um compromisso do qual o deputado Henrique Alves não abre mão. Ele disse que mais do que uma promessa feita por ele na condição de presidente da Câmara dos Deputados, a duplicação do trecho entre Natal e Mossoró e entre Mossoró e Aracati, no Ceará, é um compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff em visita ao Estado. “Conseguimos incluir a duplicação no PAC 2”, lembra o deputado. O projeto, orçado em cerca de R$ 1,2 bilhão, deverá ser concluído ainda este mês e a licitação a ser aberta em dezembro. Henrique disse que cobra todos os dias as providências ao Ministério dos Transportes.
LIXÕES: CASO DE SAÚDE PÚBLICA
A existência de 177 lixões, espalhados por todo o Rio Grande do Norte, e o descumprimento, por parte da grande maioria dos 167 municípios, do que estabelece a legislação federal sobre destinação de resíduos sólidos, são, na avaliação de Henrique, resultado das enormes dificuldades enfrentadas pelas prefeituras e da falta de articulação por parte do Governo do Estado. “Os municípios se uniram em consórcios, mas a burocracia atrapalha. Falta cobrança por parte do Estado. Não há mais tempo para esperar, para enrolar, para empurrar com a barriga”, criticou. “Trata-se de uma questão de saúde pública”.
PACTO FEDERATIVO
Henrique afirmou que uma das primeiras providências que tomará como governador eleito e empossado do Rio Grande do Norte será propor a reunião de todos os governadores do Nordeste. Ele disse que a região precisa usar a força que tem no Congresso Nacional para forçar a revisão do Pacto Federativo. Ele lembrou ter reunido, como presidente da Câmara dos Deputados, os governadores e depois os prefeitos das capitais para iniciar esta discussão.
A revisão, segundo Henrique, é importante para rever a distribuição do bolo tributário, em que a União detém o controle de mais de 60%. “A União não tem interesse e alguns estados também não, pois estão bem. E quem termina pagando a conta são os municípios”, afirmou. “As demandas das pessoas, dos cidadãos, por saúde, educação, pelos serviços básicos, estão nos municípios, que são os primos pobres da federação. Então, é preciso pressionar, de maneira republicana, a União a repartir esses recursos para que os municípios possam sair da situação de penúria”.
“SALVADOR DO RN”
Henrique rejeita o título de “salvador” do Rio Grande do Norte. Disse que a atual administração assim como apoiou outras administrações. “Dei apoio e darei. Cada um tem a sua tarefa”, afirmou o deputado, lembrando que cada governante tem de cumprir sua missão. “Uns fizeram mais, outros menos”, comentou. Henrique assinalou que atualmente o Rio Grande do Norte enfrenta dificuldades até mesmo pagar os salários dos servidores e disse que esta situação é consequência da falta de condições políticas, articulação e competência. E arrematou dizendo que o seu projeto é “usar a consciência e a inteligência para fazer o melhor pelo Rio Grande do Norte”.
“ACORDÃO”: UMA HIPOCRISIA
Apoiado por uma coligação que reúne 18 partidos, Henrique rejeita a pecha de acordão, lançada por adversários que num passado bem recente buscaram o seu apoio. “Alguns deles gostariam de estar conosco, mas o entendimento não deu certo porque resolveram radicalizar”, disse o deputado. Ele lembrou que o PT e a deputada federal Fátima Bezerra procuraram o PMDB, ofereceram o apoio para governador em troca do apoio para o Senado, mas exigiam que a coligação se resumisse aos partidos que integram a base de apoio do governo da presidente Dilma Rousseff. Citou também o caso do vice-governador Robinson Faria, que queria o apoio do PMDB para ser candidato a governador. “Falar agora em acordão é hipocrisia”, disse Henrique, dizendo que a proposta da coligação União pela Mudança foi unir pessoas de bem em torno do interesse comum do Rio Grande do Norte. O candidato a governador destacou que é preciso por fim ao radicalismo político no Estado.
CENTRO DE COMERCIALIZAÇÃO
Ainda na entrevista foi abordada a questão do abandono da Central de Comercialização da Agricultura Familiar, localizada na avenida Mor Gouveia, em Natal, e inaugurada na gestão da então governadora, Wilma de Faria, hoje candidata ao Senado. Apesar de estar pronta, a estrutura nunca foi utilizada. Henrique criticou o abandono por parte do Governo e disse que irá discutir o assunto com o Ministério da Agricultura, em Brasília. “A governadora Rosalba Ciarlini não pode esperar pelo próximo governo, tem que resolver logo. Vou amanhã a Brasília e devo conversar com o Ministério da Agricultura para ver o que o Governo Federal pode fazer para recuperar aquela estrutura, que foi criada para facilitar a vida dos pequenos produtores, para evitar os atravessadores e dar possibilidade de negociar a produção de forma mais justa”, disse.
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